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Grupos de trabalho (GTs)


GT 1 - Os efeitos do político e do jurídico nos processos de subjetivação

Coordenadores: Alessandro Nobre Galvão (UFPA) e Luciana Iost Vinhas (UFPEL)

Resumo: Com base nos pressupostos da Análise de Discurso pecheutiana, as comunicações inscritas neste grupo de trabalho têm o objetivo de apresentar pesquisas teóricas e/ou práticas que articulem em suas propostas os processos de subjetivação. Para isso, os trabalhos devem tratar sobre o processo de interpelação como determinante da constituição subjetiva, sendo a resistência parte constitutiva desse processo calcado na articulação entre inconsciente e ideologia, entre o recalque inconsciente e o assujeitamento ideológico. Este processo da interpelação é o que, consoante os postulados pecheutianos, fornece ao sujeito os objetos ideológicos ao mesmo tempo em que determina a maneira como este deve servir-se daqueles e isso implica considerar, portanto, que o sentido sempre tem uma divisão/direção. Como diz Orlandi (2008, p. 57), “a ideologia é interpretação de sentidos em certa direção”. O sujeito, ao sofrer os efeitos da interpelação ideológica que resulta em sua inscrição em uma determinada formação discursiva, permite que se apreenda na/pela linguagem o funcionamento do político. Este, por sua vez, como resultado do trabalho da ideologia, simboliza as relações de poder materializadas no discurso e ainda estabelece a divisão dos sujeitos e dos sentidos no eterno confronto que atravessa/constitui o tecido social. Convém destacar que a AD materialista, ao eleger seu objeto – o discurso, busca justamente identificar a textualização do político como a possibilidade de inscrição na língua de diferentes gestos de interpretação. Os trabalhos abrigados neste GT devem propor análises baseadas em diferentes materialidades, dando-se preferência aqueles que apreendem os efeitos do político e do jurídico na forma como os sujeitos se subjetivam. Considerando os discursos colocados em circulação na formação social atual, serão consideradas produtivas reflexões que articulem o funcionamento do jurídico e do político a questões como pós-verdade, cinismo e pós-democracia, atentando para a determinação da constituição subjetiva pela ideologia e pelo inconsciente.

GT 2 - O espaço virtual como condição de produção de discursos e práticas discursivas

Coordenadores: Thiago Alves França (Uneb) e Evandra Grigoletto (UFPE)

Resumo: Lançada por Michel Pêcheux em 1969, “Análise automática do Discurso” (AAD-69) é uma obra importante, não só por seu caráter fundante da área da Análise de Discurso (AD), mas porque nos legou conceitos que fundamentam as pesquisas que fazemos ainda hoje, cinquenta anos depois; a própria noção de discurso como efeito de sentidos é apresentada nessa obra. É também nesse texto que Pêcheux nos fornece, segundo Courtine ([1981] 2014), a primeira noção empírica de Condições de Produção (CP). Mais tarde, Pêcheux ([1973] 2012) vai explicar que “produção” remete ao efeito e às condições por meio das quais esse efeito é ou não é produzido. A noção de CP postulada por Pêcheux dava destaque ao que ele chamou de formação imaginária, de modo que se pode dizer que o imaginário (as imagens de si, do outro e do referente) intervém como CP de todo e qualquer discurso. Em consonância com o raciocínio de Pêcheux, hoje, temos pensado em como a relação imaginária como o espaço, enquanto noção significativa (ORLANDI, 2009), funciona também como CP de discursos, e, mais especificamente, como a relação imaginária como o espaço virtual pode ser tomado enquanto CP. Nosso GT, então, propõe associar a discussão de 69 com uma outra mais atual, isto é, aproveita a oportunidade do ano em que se comemora o cinquentenário da AAD-69, para pensar a relação entre a noção de CP, definida nessa obra, e um tema fundamental para entender a dinâmica desta nossa época: o Espaço Virtual, compreendido como um espaço simbólico situado no entremeio, entre o espaço empírico e o espaço discursivo, sendo, por isso, constituído do entrelaçamento de práticas sociais e discursivas (GRIGOLETTO, 2011). Não desconsiderando aspectos técnicos do Espaço Virtual, pensamos sobretudo em aspectos discursivos que dizem sobre como o Ideológico intervém nesse domínio, sobre a relação imaginária que os sujeitos têm com o espaço virtual, e como essa relação condiciona determinados funcionamentos discursivos. Sendo assim, serão abrigados, em nosso GT, trabalhos que deem centralidade à interpretação do Espaço Virtual como CP de determinados discursos e de algumas práticas discursivas, a exemplo dos discursos de ódio, dos usos e apropriações de hashtags e da circulação de fakenews.

GT 3 - Foucault e Bakhtin: diálogos possíveis

Coordenadores: Fernanda Dias de Los Rios Mendonça (UFAM) e Leonard Christy Souza Costa (UFAM)

Resumo: A Análise do Discurso constitui-se como área de investigação composta por horizontes teóricos distintos e, por vezes, divergentes. Por outro lado, há que se considerar, em alguns de seus construtos teóricos, reverberações ou refrações de conceitos elaborados à luz de conceitos cunhados pelo Círculo de Bakhtin.  No esteio das multiplicidades teóricas coexistentes no âmbito da Análise do Discurso, pensamos amplamente a submissão deste Grupo de Trabalho, no sentido de não restringir o espaço de divulgação científica e de debates acadêmicos em torno de uma única área de investigação da linguagem, mas provocar reflexões e suscitar discussões acerca de conceitos teóricos advindos dos campos de estudo bakhtiniano (filosofia da linguagem) e foucaultiano (análise do discurso francesa), focalizando, sobretudo, as questões concernentes às noções de autoria,  poder e  subjetividade. Nessa diretriz, e em consonância com a proposta geral do Seminário, este GT tem o objetivo de figurar como espaço para integração de pesquisadores, em diversas fases de pesquisa, cujos aportes teóricos orientem-se por um desses pressupostos, ou por ambos. Acreditamos que, a partir das correlações entre autoria, poder e subjetividade, as supracitadas teorias se entrecortam a partir de questões que tornam as análises ainda mais substanciais que se feitas a partir de um único construto teórico. O poder que consubstancia uma série de ideologias e interpretações, por sua vez, torna os comentários e os modos de subjetividades possíveis, encontra-se, por outro lado, com o esforço autoral de cunhar determinadas interpretações em detrimento de outras. As reflexões sobre o mar ideológico de onde os significados – necessariamente – emergem, encontram-se com as táticas de análise arqueológicas-genealógicas de Foucault para que, nesse espaço aqui proposto, as análises-reflexões sobre as discursividades ganhem corpo e contribuam para o que se convencionou chamar de Análise do Discurso.

GT 4 - Efeitos de sentido nos discursos da mídia

Coordenadoras: Lorena Maria Nobre Tomás (UEA) e Renata Nobre Tomás (UEA)

Resumo: Com o desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação, novas práticas discursivas surgiram. Considerando esse novo contexto de produção, este Grupo de Trabalho reúne estudos que envolvam tanto gêneros do discurso das mídias tradicionais, quanto aqueles específicos do universo digital. A Análise do Discurso, que, em sua origem, privilegiou os discursos políticos, tem se mostrado um poderoso dispositivo de leitura dos mais variados gêneros, inclusive os digitais, que se caracterizam, entre outros aspectos, por sua multimodalidade. Este GT tem por objetivo reunir pesquisas concluídas e/ou em andamento, de cunho teórico ou analítico, que investiguem o discurso das mídias na perspectiva da Análise do Discurso fundamentada em teóricos como Michel Pêcheux, Mikhail Bakhtin, Jaqueline Authier-Revuz, Dominique Maingueneau e Patrick Charaudeau. Dos conceitos advindos desses estudiosos, destacamos os de condições de produção, interdiscurso, dialogismo, gêneros do discurso, heterogeneidade, ethos discursivo, cenas de enunciação, entre outros propostos por esses teóricos que possibilitem ao pesquisador depreender os efeitos de sentido dos corpora constituídos com base nos mais diferentes gêneros da mídia de informação. Como destaca Charaudeau (2009, p. 151), “o universo da informação midiática é efetivamente um universo construído. Não é, como se diz às vezes, o reflexo do que acontece no espaço público, mas sim o resultado de uma construção”. Sendo assim considerado, destacamos a pertinência de estudá-lo discursivamente, observando a opacidade inerente à linguagem. Dada a condição interdisciplinar da AD e das temáticas abordadas na mídia, essas pesquisas podem ainda estabelecer interface com outras disciplinas, como a Sociologia, a Antropologia, a História e os Estudos Culturais, ou seja, estudos que podem fundamentar discussões acerca de estereótipos, identidade, cultura, questões de gênero, feminismo, violência entre outras noções fundamentais para o estudo dos discursos da mídia. Para tratar dessas temáticas, destacamos as contribuições de Walter Lippmann, Néstor García Canclini, Stuat Hall, Zygmunt Bauman, Yves Michaud, Pierre Bourdieu, Marilena Chaui, Eva Alterman Blay e Pierre Lévy. 

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AVISOS

Comunicamos que até o dia 25 de março de 2019 serão enviadas por e-mail as cartas de aceite das  propostas de trabalho para GTs aprovadas para compor a programação do Seminário. Informamos, também, que em breve estarão abertas as inscrições para submissão de Comunicação Oral , assim como serão apresentados os critérios de participação e as normas de envio.

Chamada para submissão de propostas de GTs

Normas para submissão: Os GTs são destinados a reunir comunicações de pesquisas em Análise do discurso, teóricas e/ou práticas, já realizadas ou em andamento. Deverão ser coordenados por dois professores doutores. Os interessados em propor GTs para o evento devem submeter um resumo conforme as normas abaixo acompanhado de dados pessoais e institucionais.   Normas do resumo do GT Resumo de 300 a 400 palavras, em parágrafo único. 3 Palavras-chave Prazo para submissão de GT: 15 de fevereiro de 2019 a 28 de fevereiro de 2019 Clique aqui para realizar o preenchimento do formulário de inscrição de GT! As inscrições para as Comunicações Orais ocorrerão apenas depois da definição dos GTs.

Apresentação

 O ano de 1969 marca o nascimento da AD francesa com a publicação de trabalhos importantes, como o livro Análise Automática do Discurso, de Michel Pêcheux, um dos principais nomes desse campo de estudos, e da revista Langages, número 13, cujo tema era a “Análise do discurso”, e reunia artigos fundamentais na área, como os de Jean Dubois, “Énoncé et énonciation”, e de Zellig Harris, “Analyse du discours”.   Sabemos, entretanto, que a história da AD é longa. Primeiramente, não começa em 1969. A sua emergência acontece a partir da conjunção de forças diversas que se desenvolveram na primeira metade do século XX: o estruturalismo na Linguística; as releituras de K. Marx por L. Althusser e de S. Freud por J. Lacan; a epistemologia histórica, de G. Bachelard e de G. Canguilhem; a configuração política francesa. Os trabalhos pioneiros no campo são publicados alguns anos antes de 1969, como alguns artigos de Pêcheux. Além disso, uma vez constituída, a AD não estagnou no que foi proposto nes